domingo, 21 de novembro de 2010

N I B

Dizem que meu amor não é verdadeiro.
Acredite meu amor, eu vou lhe mostrar.
Vou lhe dar coisas que você nem imagina.
O sol a lua, e as estrêlas tem a minha marca.
Venha comigo, não vai se arrepender.
Largue a vida que tinha antes de mim.
Você é a primeira a ter o meu amor,
Ficará para sempre comigo
Até o fim dos tempos.
Seu amor por mim tem que ser verdadeiro,
mas antes quero que você saiba o que vou sentir,
agora que você está sob meu controle.
Nosso amor fica maior a cada hora que passa.
Olhe nos meus olhos, verá quem sou eu.
Meu nome é Lucifer,
pegue minha mão...

PARANÓICO

Terminei com a minha mulher pois ela não podia me ajudar com a minha mente.
As pessoas pensam que estou louco pois estou olhando com ira o tempo todo.

Durante o dia todo eu penso em coisas, mas nada parece me satisfazer.
Acho que vou perder minha cabeça se eu não encontrar alguma coisa para me acalmar.

Você pode me ajudar a ocupar o meu cérebro?
Preciso de alguém para me mostrar as coisas na vida que eu não consigo encontrar.
Eu não consigo ver as coisas que trazem a verdadeira felicidade. Devo estar cego.

Faça uma piada, e eu darei um suspiro. E você rirá e eu chorarei.
Felicidade, eu não consigo senti-la, assim como amar,  para mim é algo tão irreal.

E para você que vê essas palavras contando-lhe agora o meu estado,
Eu digo a você que desfrute a vida que eu queria poder, mas é tarde .

PARA QUÊ??? ( Juliana Cominatto )

Tudo é vaidade neste mundo vão...
Tudo é tristeza; tudo é pó, é nada!
E mal desponta em nós a madrugada,
Vem logo a noite encher o coração!

Até o amor nos mente, essa canção
Que o nosso peito ri à gargalhada,
Flor que é nascida e logo desfolhada,
Pétalas que se pisam pelo chão!...

Beijos d'amor! Pra quê?!... Tristes vaidades!
Sonhos que logo são realidades,
Que nos deixam a alma como morta!

Só acredita neles quem é louca!
Beijos de amor que vão de boca em boca,
Como pobres que vão de porta em porta!...

CARTA SUICIDA ( Juliana Cominatto )



Não chorem, não sintam pena de mim.
Eu avisei que esse dia chegaria enfim.
Sou melhor que vocês, sou boa assim.
Sou a única digna de me dar esse fim.

Não me venham com escrotos lamúrios.
Nem me encham com suas lágrimas toscas.
Não gosto de vocês, malditos infortúnios,
Portanto saiam e me deixem com as moscas.

Calem-se, dispenso a falsa piedade.
Morri, me fui. Essa é a nova realidade.
Matei-me sim, e o fiz com toda vontade.
E por nem um segundo irei sentir saudade.

Decidi rumar a novas aventuranças.
Estar aqui só me traz desesperanças.
Mas relaxem, porque não farei cobranças.
Aos que ficam, deixo apenas más lembranças.

A JANELA ( Juliana Cominatto )



Ontem, eu não fecharia a janela.
Não que eu olhasse muito para ela, porque me bastava um borrão de canto de olho
para eu saber que ela estava lá, ocupada em mostrar o que se passava no mundo.
Ontem, eu não ousaria fechar a janela.
Talvez por falta de tempo, talvez por medo do escuro ou do silêncio, não sei.
Talvez eu apenas não reparasse nela.

Hoje, porém, é ela que não me deixa fechá-la.
Hoje, ela engoliu as ruas, as pessoas e seus carros barulhentos,
transformou-os em meros granulados planos, sem vida.
Hoje, me entretenho com sua imagem incolor,
com seu chiado letárgico e estridente,
e com sua forma abstrata.

E por mais que eu tente ignorá-la,
ela fica lá, como uma tela sem fundo,
reprisando o mesmo mundo
dia após dia, e noite após noite
me arrancando o sono
e o resto de sanidade.

Ontem, eu não costumava olhar para a janela.
Hoje, é ela que não pára de olhar pra mim

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

OLHAR BRASILEIRO ( Eduardo Dusek )

E agora só
Sentado nessa sala que não é minha
E que claro por ironia

Me parece tão familiar
Me vem você
Me vem a sua cara
Sua conversa apimentada e rara
E assim digamos tão particular
Escuto o ritmo
Daquele seu simples pandeiro
E até sinto aquele cheiro
De amor e de samba espalhado no ar
E, minha nossa, de repente eu me lembro
Era verão e a gente ficava bebendo
Ia vivendo à beira mar


Todo o mundo sentado
Na varanda do nosso sobrado
E sonhando, altas horas, acordado
Olhando fixo pro luar


Era seresta,
Era uma festa ver você e se apaixonar
Era seu jeito,seus defeitos
Sua maneira de se dar


Era tão quente
Era pra gente tão maneiro que de repente
Você ganhava o mundo inteiro
Simplesmente com o menor piscar
E mesmo agora
Sendo eu o único que resta
Talvez daquela festa
Talvez daquele mar


Eu dou um jeito
Tento fugir, tento esconder mas me ajeito
Me acomodo pois me dói o peito
Somente por tentar lembrar
Daquele cheiro,daquele pandeiro
Daquele Rio de Janeiro
Daquele seu verde olhar brasileiro
Que era meu

AVE ( Eduardo Dusek )

Ave

Eduardo Dusek

Ave!
Que em minha casa deixaste
A face
Em todos os espelhos
Tuas asas
Manchadas
E voaste entre as cortinas
Te aninhaste entre os lençóis

Pássara!
Que em meu corpo pousaste
O rosto
Todo em sorrisos
Passageira
Veloz em minha vida
E brincaste na janela
Tão livre

Pássara!
Passarás novamente!
E lá fora és o vento distante de mim!

MIL PERDÕES ( Chico Buarque )

Te perdôo
Por fazeres mil perguntas
Que em vidas que andam juntas
Ninguém faz
Te perdôo
Por pedires perdão
Por me amares demais
Te perdôo
Te perdôo por ligares
Pra todos os lugares
De onde eu vim
Te perdôo
Por ergueres a mão
Por bateres em mim
Te perdôo
Quando anseio pelo instante de sair
E rodar exuberante
E me perder de ti
Te perdôo
Por quereres me ver
Aprendendo a mentir
Te perdôo
Por contares minhas horas
Nas minhas demoras por aí
Te perdôo
Te perdôo porque choras
Quando eu choro de rir
Te perdôo
Por te trair

VALSINHA ( Chico Buarque )

Um dia ele chegou tão diferente do seu jeito
de sempre chegar
olhou-a de um jeito muito mais quente
do que sempre costumava olhar
e não mal disse a vida tanto quanto era seu
jeito de sempre falar
e nem deixou-a só num canto
pra seu grande espanto,convidou-a pra rodar
então ela se fez bonita como há muito tempo
não queria ousar
com seu vestido decotado cheirando a
guardado de tanto esperar
depois os dois deram-se os braços como
há muito tempo não se usava dar
e cheios de ternura e graça
foram para a praça e começaram a se abraçar
e ali dançaram tanta danca que a vizinhança
toda despertou
e foi tanta felicidade que toda cidade
se iluminou
e foram tantos beijos loucos,tantos gritos
roucos
como não se ouvia mais
que o mundo compreendeu
e o dia amanheçeu
em paz.

SUBURBANO CORAÇÃO ( Chico Buarque )

Quem vem lá ?
Que horas são ?
Isso não são horas, que horas são ?
É você, é o ladrão ?
Isso não são horas, que horas são ?
Quem vem lá ?
Blim blem blão ?
Isso não são horas, que horas são ?

A casa está bonita ,
A dona está demais !
A última visita ,
Quanto tempo faz .
Balançam os cabides,
Lustres se acenderão ,
O amor vai pôr os pés
No conjugado coração.
Será que o amor se sente em casa,
Ou vai sentar no chão ?
Será que vai deixar cair
A brasa no tapete, coração ?

Quando aumentar a fita ,
As línguas vão falar
Que a dona tem visita
E nunca vai casar .
Se enroscam persianas,
Louças se partirão ,
O amor está tocando
O suburbano coração .
Será que o amor não tem programa
Ou ama com paixão ,
Mulher virando no sofá,
Sofá virando cama coração .
O amor já vai embora ,
Ou perde a condução.
Será que não repara
A desarrumação .
Que tanta cerimônia,
Se a dona já não tem
Vergonha do seu coração.